quinta-feira, 22 de maio de 2008

Klimt, a inovadora pintura de um clássico

Faz tempo que estamos em débito ao deixar de postar sobre os grandes mestres da pintura. Mas não é por menos, voltamos a falar de um grande artista. Hoje, Gustav Klimt é alvo do collecta.
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Nascido em Baumgarten, próximo de Viena, Gustav Klimt (1862 - 1918), desenvolveu sua carreira no momento em que a capital da Áustria se transformava em uma das cidades mais brilhantes da Europa.
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Filhos de ourives e educado na Academis de Artes Aplicadas, Klimt defendia a fusão das belas-artes com o artesanato. Suas obras literalmente brilharam ao incluir a sutuosidade de folhas de ouro e prata em telas inspiradas nos mozaicos bizantinos.
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Retrato de Adele Bloch Bauer I (1907) - Óleo e folha de ouro e prata sobre tela
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Este é o mais famoso retrato de Klimt e representa, junto com O beijo, o ápice de sua época dourada. A modelo Adele Block-Bauer era esposa de Ferdinand Bloch, prestigiado vienense de origem judia e que encomendou o retrato ao pintor.
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Klimt investiu bastante tempo na confecção deste quadro. Os primeiros esboços remontam a 1903 devida a elaborada e complexa técnica empregada, que previa a colocação de folhas de ouro e prata, e a realização com gesso de intrincados motivos em relevo.
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Como uma composição triangular e assimétrica, Klimt dipôs Adele em um ambiente sobrecarregado, barroco, sufocante e claustofóbico.

O dourado invade o fundo e é o elemento fundamental do vestido, onde a ornamentação integra a iconografia habitual do pintor na fase dourada: espirais micênicas, olhos em estilo egípcio, círculos, retângulos e xadrezes. A aura repleta de ovais em torno da cabeça e a estranha forma à esquerda da modelo, remetem aos famosos mozaicos bizantinos.
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O abraço (1905-1909) - Técnica mista
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Colaborou com a Oficina de Viena, empresa que difundiu a versão local do Art Nouveau com elaborados desenhos têxteis. Sua identificação com o decorativismo, o levou a desenvolver um tratamento plástico nas vestimentas de suas obras de forma singular, em contraste com o realismo dos rostos que pintava.
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Judith I (1901) - Óleo e folha de outro sobre tela. (clique na imagem para ampliar)
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Esta é uma das obras mais conhecidas de Klimt. Aqui o pintor ofereceu uma versão inovadora do mito de Judith, a famosa viúva judia que, para libertar o povo hebreu, seduziu e decapitou o general assírio Holofernes. Nessa tela, a protagonista transforma-se no ícone erótico da mulher fatal. E Judith I causou polêmica na época: o rosto contemporâneo da modelo, com seu penteado e suas feições, reflete sem disfarce o prazer sexual de uma mulher que acaba de abater seu amante.

A força da composição se concentra no rosto da mulher que, ligeiramente inclinado, dá a sensação de desfrutar o clímax sexual, como indicam os olhos entreabertos, a insinuante boca, as narinas dilatadas e as bochechas avermelhadas. Enfeitada por uma gargantilha larga e dourada, a pernoagem exerce tal fascinação que os demais elementos parecem acessórios.
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O eterno feminino foi seu maior tema, a essência de retratos e alegorias. A sensualidade e erotização de suas obras, provocaram a sociedade autríaca, revelando a ambiguidade da época, causando atração e repulsa ao mesmo tempo.


Retrato de Emilie Flöge (1902) - Óleo sobre tela
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Ao tomar como modelo vertical os bijin-e (estampas de mulheres famosas) japoneses, Klimt aplicou critérios decorativos pela primeira vez em um retrato. Sobre fundo sombrio, envolveu a silhueta de Emilie com luz resplandescente, que atrai o olhar para o vestido. As duas formas à margem da figura contribuem para produzir o efeito.
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As três idades da mulher (1905) - óleo sobre tela

A tela aqui reproduzida tem formato quadrado. Klimt dispôs verticalmente as três figuras femininas nuas que representam a passagem do tempo, com uma organização compositiva ajudou o pintor a mostrar uma versão original do conflito entre a juventude e velhice.

A decoração é um elemento compositivo importante e significativo, já que isola e, ao mesmo tempo, une as personagens. À primeira vista, mãe e filha parecem estar envolvidas por um manto, enquanto a anciã se encontra fora dele.

O pintor resolveu brilhantemente as limitações do formato, inclinando a cabeça das personagens. Como isso acentuou a sensação de solidão e desespero da anciã diante da proteção, carinho e esperança da mãe e da menina, ao mesmo tempo que todas personagens se inclinam perante a passagem do tempo.



O prédio da Secessão Vienense

A obra e a atuação de Klimt e o seu comprometimento com a Secessão Vienense (o artista foi o primeiro presidente do movimento, que se baseava na ruptura com as academias oficiais da época) e outras associações de artistas das quais fez parte, foram fundamentais para a revisão dos padrões estabelecidos pela academia na sociedade austríaca. Anteciparam e inspiraram os movimentos modernistas, que envolveram a arte, a arquitetura e as artes aplicadas, na intenção de integrá-las, entre eles a criação da Bauhaus.



O beijo (1907-1908) - Óleo e folha de ouro e prata sobre tela.

Qualificado como obra-prima, O beijo é a pintura mais famosa de Klimt. Símbolo da Viena brilhante e um dos ícones da arte do século XX, a obra se tornou a peça chave para a reconciliação entre o artista e o governo.
Com abundante utilização de folhas de ouro, suntuosidade dos motivos ornamentais e pelo tratamento da superfície ao estilo dos mozaicos bizantinos, a pintura contitui o auge do período dourado do artista.

Aqui a figura masculina assume papel ativo, algo incomum na obra de Klimt. Ajoelhada, a mulher mostra atitude passiva, entregue em uma composição serena, quase sonhadora.

Conforme a convenção pictória que associa as formas retilíneas com a masculinidade e as curvas com a feminilidade, Klimt decorou a túnica do homem com retângulos pretos dourados e prateados. Por sua vez, enfeitou o vestido da mulher com desenhos sinuosos e circulares, alguns dos quais contém motivo floral policromático.

Apesar da tela representar a sublimação do amor físico, a carga erótica é sensivelmente inferior à outras obras do artista. Envoltos por um decorativismo suntuoso, sensual e brilhante, os elementos figurativos do casal parecem destacar mais o ssentimentos de ternura, proteção e romance do que os derivados do impulso sexual, tão presentes nos trabalhos de Klimt.

Klimt foi um artista único, interpretando a seu modo as descobertas das vanguardas européias, acreditando em novas possibilidades dentros dos rígidos padrões da época. Sensual e sonhador, a pintura de Klimt segue com uma originalidade única e singular.


O artista em sua típica túnica, fotografado por volta de 1914 diante de seu ateliê na rua Josefstaedter, nas proximidades de Viena.
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"Não há nehum auto-retrato meu. Não me interessa a própria imagem como objeto do quadro, apenas outras pessoas, especialmente femininas, mais ainda em interessam outros fenômenos.


fotos: divulgação
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onte: "Coleção Grandes Mestres da Pintura" do jornal Folha de São Paulo

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é... gosto é gosto... Pode ser valioso, afrente do tempo para a época... tudo o mais... mas, particularmente, não gostei da técnica... Mas valeu... TODO TIPO DE ARTE TEM SEU VALOR!