Um Cristo envolto numa aura luminosa, protegido por sete anjos azuis. Esta foi a visão delirante com a qual se deparou Arthur Bispo do Rosário, no dia 22 de dezembro de 1938, no quintal de sua casa, no bairro carioca de Botafago. Caminhou, errante, por dois dias pelas ruas da cidade, antes de ser internado com o diagnóstico de esquizofrenia-paranóica na Colônia Juliano Moreira, onde viveu 50 anos (1939-1989).
Isolado do mundo, Bispo do Rosário trabalhava com objetos do cotidiano do hospital o que, para alguns críticos, significava "a desconstrução institucional para a construção de um novo significado". Com fios retirados de seu uniforme de interno, ele bordava panos e velhos lençóis do hospital transformando-os em mantos e estandartes. Além dos bordados, Bispo trabalhou sobre papelão e madeira, para criar obras em que estabelece uma ordem própria com sapatos, botas, canecas, entre outros objetos. Foram mais de mil peças, destinadas a cumprir a missão que lhe é revelada por uma voz, de inventariar o universo e entregá-lo reconstituído a Deus.
série de estandartes, todos bordados à mão, fio a fio...
Uma de suas obras mais conhecidas é o "manto da apresentação", que ele bordou para se apresentar ao criador do universo.
Seu valor artístico só foi reconhecido com o tombamento de suas obras em 1992 e por integrar várias exposições no exterior, com destaque na Bienal de Veneza (1995) e na Mostra Brasil500 anos que, em 2000, voltou a atrair a atenção para a qualidade de sua arte.
Um comentário:
Reparou que esse foi o post número 100? Parabéns pela pesquisa, Kinha.
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