Folheando um livro espetacular que tenho do Centre Georges Pompidou, me deparei com a “Estante da Casa da Tunísia”, de Charlotte Perriand, e me lembrei daquele andar inteiro que a 1ª Bienal de Design da Oca (no Ibirapuera) dedicou a essa arquiteta vanguardista.
Charlotte Perriand nasceu em Paris (na região da Savóia) em 1903. Estudou na escola da União Central de Artes Decorativas sob a direção do decorador francês Henri Rapin e seguiu os cursos de Maurice Dufrêne, o diretor de artes das galerias de Lafayette. Em 1927, expôs no Salon d'Automne. Foi então que conheceu Le Corbusier, com quem passou a trabalhar.
Tendo Corbusier e seu primo, Pierre Jeanneret, como parceiros, Charlotte era responsável pelo trabalho Racks, cadeiras e mesas, tão bom quanto as instalações de interiores relacionados com arquitetura. Sua mobília e partes como chaise longue, grand confort, cadeira giratória, mesas com ladrilhos de vidro, camas e racks foram expostos no Salon d'Automne de 1929.
Charlotte testava e usava novos materiais, como os resultantes das industrias automobilística e aeronáutica. Estava sempre de olho em coisas diferentes, novidades. O uso de tubos cromados no mobiliário deu início a um novo espírito na Europa. A partir de 1937, voltou sua atenção para materiais mais tradicionais e formas orgânicas.
Viveu e trabalhou no Japão (nos tempos da guerra), assimilando sua cultura, à qual seus móveis elegantes e sóbrios se adaptaram sem dificuldades. E, quando seu marido foi nomeado representante da Air France na América Latina, descobriu o Brasil.
Segundo sua filha Pernelle, quando Charlotte chegou aqui “ficou petrificada. Tanta beleza, loucura, inteligência. O espaço. As florestas. E, como sempre, entregou-se. Adaptou os desenhos de móveis que havia projetado alguns anos antes no Japão. Juntou seus desenhos a lápis, seus decalques. Descobriu uma língua universal, comum ás civilizações no mundo inteiro. Na verdade, Charlotte Perriand jamais ignorou que uma obra, mesmo de vanguarda, tem ligação com a geografia, com a história de cada um.” E passou a trabalhar com materiais que não conhecia, como o jacarandá.
Charlotte era insaciável em sua busca por novas culturas, novas experiências. Era uma mulher extremamente interessante: bela, livre de preconceitos, contestadora. Viveu muito (até os 96 anos), e intensamente. E continua viva em sua obra, que continua guiando e inspirando arquitetos e designers.
fotos - minhas mesmo, na exposição da Oca em 2007, exceto essa última, de Charlotte Perriand com Le Corbusier (paryskim studio).
sábado, 18 de agosto de 2007
Uma mulher do mundo
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